terça-feira, 20 de maio de 2014

Curiosidade: Homens sem pêlos nas pernas


"Todos o chamam de O Diabo Roxo, mas seu verdadeiro nome era Giovanni Gerb, um campeão dos primeiros anos do século XX que, além de suas grandes vitorias, marcou a história do esporte porque teve a brilhante ideia de buscar um maior aerodinamismo raspando os pelos das pernas e também os cabelos".

Infelizmente, no início do ciclismo, os atletas não possuíam a mínima noção de treinamento. Todos saíam para a estrada ao ’’Deus dará’’, sem haver treinado na maioria dos casos (na primeira edição da Paris-Brest-Paris de 1891, disputada em 1.196km, a maioria dos participantes confessou que nunca haviam pedalado mais de 100km) e sem os menores conhecimentos dos hábitos de alimentação necessária para a prática do esporte.

O tempo foi passando e é claro, o ciclismo foi evoluindo. Com a evolução, os ciclistas passaram a contar com a ajuda de treinadores e massagistas e perceberam que os pelos que cobriam suas pernas impediam o bom desempenho das massagens, ao mesmo tempo que atrapalhava muito quando o atleta sofria uma queda, pois contribuía para as infecções dos ferimentos.

A solução para o problema, veio de Giovanni Gerbi, um ciclista hoje esquecido, mas que teve uma grande importância na evolução do ciclismo. Nascido em Asti (Itália)em 04 de Junho de 1885, Giovanni Gerbi, que entre outros títulos, venceu o Giro de Lombardia de 1905 e o Giro de Piamonte em 1906, 1907 e 1908, foi o pioneiro do ciclismo italiano e um bravo defensor de novas ideias. Entre suas genialidades, figurava conhecer o percurso antes da competição para planejar o desenvolvimento mais apropriado para a prova; investigar o estado físico de seus rivais em provas anteriores; vestir-se para as provas, num maiô de seda ao invés das habituais camisas de algodão que usavam o resto dos corredores e, sobretudo, foi o primeiro a raspar as pernas e também a cabeça buscando um rudimentar aerodinamismo. A primeira vez que correu desta forma, foi em 1903 em Milano-Alessandria, onde não só obteve a vitória como também um apelido, ’’Diabo Roxo’’ em referência à cor de seu maiô.

Mas a ideia de Gerbi, raspa-se para deixar as duras pernas de um ciclista como nádegas de um bebê, não prosperou. Perdeu-se tempo ante a ignorância e o medo do ridículo da maioria de seus companheiros. Havia que esperar vinte e seis anos para que outro ciclista, também italiano, retomasse a ideia. Ocorreu em 1929 quando o romano Leonida Frascarelli, terceiro colocado no Giro daquele ano e ganhador de duas etapas em 1930, voltou às estradas com suas musculosas e bem torneadas pernas raspadas. Seus companheiros de equipe (Ideor Pirelli), se mostraram incrédulos e os cronistas da época ironizaram seu novo visual. Diziam que por ser considerado um paradigma da fortaleza, com capacidade para o sofrimento, deveria possuir aspecto adequado as suas virtudes que correspondesse a representação cultural do mundo atlético da qual fazia parte. Por sorte, para o progresso deste esporte, as ideias de Gerbi e Frascarelli se consolidaram, claro, depois de passar por uma série de resistência por parte daqueles que unicamente enxergavam esta prática como um simples efeito estético - que diga-se de passagem, também o tem.

Não seria justo dizermos que o depilar das pernas de um ciclista é apenas uma melhoria estética. É muito mais que isso. Com a depilação, se ganha aerodinâmica, igual a que se obtinha com o uso do maiô colado ao corpo (o mesmo CX - coeficiente de penetração aerodinâmica). Do ponto de vista médico, pernas depiladas representam menos risco de infecções em caso de acidentes e facilitam a limpeza dos ferimentos. A depilação ajuda também, na hora de receber uma boa massagem, pois as mãos deslizam melhor sobre os músculos e os cremes ou pomadas penetram com maior facilidade.


E além do mais, por que negar a satisfação estética ao contemplar pernas lisas, musculosas e bem tornedas???

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